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29.10.12

GPRO, O TRIUNFO

Foto: canalmz

Este final de semana voltei ao Coconuts. A última vez que lá coloquei os pés foi para ver uma atuação estrondosa dos Ghorwane. Voltei porque a GPRO iria atuar e, como apreciador de música, não perderia esta oportunidade, sobretudo porque seria no mesmo show que seriam apresentados os novos integrantes do grupo.
Sobre esta matéria, confesso, tive uma agradável surpresa. Isto porque, num sublime exercício de marketing, ficamos todos convencidos de que se tratavam de novos integrantes (assim nos induziram) quando era nada mais nada menos do que o regresso do filho pródigo: Karaboss(Duas Caras). 

Trez, entrou sozinho e soube terraplanar o campo para a entrada do Duas. Porém, antes disso desfilaram alguns nomes com especial destaque para o Slim Nigga, um rapaz (Boy)(uso a linguagem do Hip Hop com um verbo poderoso, uma voz forte, proprietário de versos extasiantes... se souber galgar bem o terreno, o rapaz tem uma longa estrada de sucesso à sua frente).






Dizia, antes, que Trez entrou sozinho e, como um excelente homem de avanço, fez o seu trabalho: segurando o público presente no Coco com rimas bem elaboradas. Trez tem arte, ele é seletivo nas palavras, escolhe-as bem e retira o máximo proveito delas para o nosso deleite. Cantou duas, três músicas e fez o roteiro: mostrou que a noite seria super! E foi. 


Duas Caras entrou de capuz e óculos, talvez a intenção era de enganar os telespectadores, ou talvez de criar o suspense com a lógica e óbvia pergunta: "quem será o rapaz que diz as palavras de forma tão segura como se antes tivesse combinado algo com as mesmas?"
Nas primeiras rimas pronunciadas o público levantou-se e quando ele surgiu no palco ficamos literalmente possessos e com a indubitável certeza de que a noite estava ganha e muito bem ganha. Duas e Trez são cúmplices e mostraram isso no palco, mostraram acima de tudo que eles se preparam, até porque a vitória prepara-se, organiza-se e.... venceram!


Venceram os fantasmas que os separavam como grupo, venceram os seus egos, venceram a injusta condição de nos privarem de um grupo forte como o G Pro, venceram a “bebedeira” que os mantinha na preguiça de não continuarem juntos. E venceram, sobretudo porque a Mcel os chancela como banda, o que se sabe fundamental para a manutenção dos grupos, porque não basta a vontade.




Foi uma noite de muito bom som, mesmo quando o grupo se alongou no palco não cansou a multidão, pelo contrário, fizeram-nos vibrar num ritmo e intensidades sempre crescentes. O som poderia estar melhor, a palavra dita perdia-se muitas vezes num ruído e o forte do Hip Hop é de ouvir a piada, a sátira, a poesia e toda a manha por detrás da palavra.
Não faltou um momento em que eles fizeram um verdadeiro “the reunion” trazendo quase todos os integrantes do grupo ao longo dos tempos no mesmo palco, foi super, duper...he he he he he



Venceu a persistência, o inconformismo próprio da juventude que se negou a sucumbir na primeira, segunda, terceira dificuldade, porque houve dificuldades e ainda haverá o espectáculo, foi um verdadeiro triunfo... doutro lado do palco conversava com o JP sobre a possibilidade de ressuscitar o Xtaca Zero....ele riu-se e discutimos ainda mais quando Duas, atribuiu a categoria de primeiro rapper moçambicano ao som do Eduardo Carimo, com a música “quem não foi a Escola é marginal”, porque para mim (JP depois concordou comigo), o primeiro rapper moçambicano e com domínio excelente da técnica de free style era o velho Alberto Machavela, sim!
Foi um espectáculo memorável