Eis um relato do espetáculo de sábado, nos enviado por um amigo, a quem agradecemos desde já ... Todo o conteúdo é da responsabilidade da pessoa que o escreveu. Obrigado E.S. pelo crónica e convidamos mais uma vez a todos a nos enviarem as fotos,textos ou outro material relacionado com o nosso trabalho e que possamos utilizar neste espaço. Fiquem com o texto :
------------------------------------------------------------------------------------------------
As expectativas para a noite de sábado no Coconuts eram altas. Para os amantes dos concursos de beleza havia a final do Mister&Miss Coconuts, e para os amantes do Hip Hop o cartaz não poderia ser melhor: Gpro e Boss AC !!!
Mas foi necessário esperar pelo cair da madrugada para que dois Mc`s e um Dj muito bem conhecidos subissem aos palcos para gáudio dos presentes. Era a Gpro em palco, com Duas Caras e Sem Paus a colocarem-se em posição de combate enquanto Djo na rectaguarda dava-lhes o suporte necessário para o ataque.
E a entrada não poderia ter sido melhor...”É Gpro” fazia o público vibrar e fazer o coro, um som que podemos chamar de “anthem” da Label e que era aperitivo para o que se seguia.
Foi deveras impressionante assistir a forma como o público cantava e dançava (ao estilo Dirty South) ao ritmo do som que Proofless com os seus dedos mágicos criou, e que Duas interpretava com muito floss. Um beat slow down, música lenta e batida pesada que fez Duas Caras puxar dos seus atributos de liricista de nobre distinção, jogando as suas rimas divertidas, inteligentes e interventivas a um flow de se lhe tirar o chapéu.
“É o Cara a Cara Boss, está na cara que vós nunca ouvistes um Dirty South na voz do Caras Fodasse”!! Eu ouví/ví mulheres e senhores gritarem isso...para não falar dos jovens que pulavam incansavelmente!! Era a prova viva de que o rap não está morto, e que em Moçambique existem jovens (e adultos, já agora) que se identificam muito com este estilo, um verdadeiro movimento de expressão da juventude.
E lá estava ele, Trez Agah, no seu estilo inconfundível que ninguém entende, mas que porém todos aplaudem e reconhecem. E ele nem precisou pedir volume, Djo sempre atento alimentava a inspiração do rapper (mudando de beat e oscilando o volume), que contagiado pela audiência subia e descia do palco, cumprimentava o caloroso público sem nunca deixar de droppar a mensagem. Conquistador de massas, street rapper de eleição, dono e senhor das ruas, saiu do palco debaixo de uma forte ovação.
Era muito bom rap e muita emoção em tão poucos minutos, e o público pedia mais.
E como era dia de festa os Mc`s prontificaram-se a satisfazer os pedidos que vinham do assistência.
Era a despedida da Gpro, aliás, quase despedida, porque quando estes tencionavam retirar-se do palco o público pedia mais..E pediam “Cù Gordo”, o som do momento!! Duas e Sem ainda saíram do palco, subiram as escadas até ao backstage, mas não conseguiram resistir ao pedido do fabuloso público. O público enlouquecido gritava “Duas, Duas, Duas, Duas”...Foi então que este lá de cima respondeu em jeito de interrogação: “O Mega está aí”? O Coconuts quase foi abaixo tamanha era a satisfação manifestada em saltos e gritos da assistência que já adiantava o coro “Cú Gordo Cú Gordooo”. Djo nada mais podia fazer (a correr riscos de ser linchado) senão meter o beat..Ouviu-se o sonzinho do piano malandro do Proofless, sonzinho que ao invés de embalar para o sono agitava ainda mais o público que já não se continha. E Duas Caras não resistia:
“O Mega está aí”? – perguntava insistentemente ao público.
O Coconuts inteiro pegou fogo quando Duas dirigiu-se ao centro do palco. “Na verdade eu nem queria cantar esta música...”, disse ele, antes de ser interrompido pelo público que gritava muito mais alto o coro do hit de verão (como apelidou Duas Caras).
Impressionante...o som nunca passou nas rádios (e muito menos na televisão), mas a letra está toda ela (do príncipio ao fim) sem falha alguma, na ponta da língua dos jovens (e até senhores, volto a repetir) da cidade e arredores. A atitude do público teve direito a bis, mas eles (deliciados e insaciáveis) pediam por mais. Estavam com saudades de um espectáculo de rap doce e agressivo..essa é a verdade!
Foi muito doce, muito forte...
Crónica por...
E.SARANGA